Produtividade do milho safrinha: ainda há espaço para melhorar?
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Produtividade do milho safrinha: ainda há espaço para melhorar?

Por Paulo Garollo, agrônomo de desenvolvimento de mercado, e Paola Siviero, gerente de marketing de conteúdo, Bayer

setembro 3, 2019

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Neste ano, o milho safrinha deve representar cerca de 74% da produção nacional de milho de acordo com o Boletim da Safra de Grãos de agosto de 2019 da Conab1. Mas ainda existe oportunidade para se alcançar tetos mais altos de produtividade. 

A estimativa de produtividade de milho safrinha é de 5.880kg ou 98 sacas por hectare1, mas há produtores que conseguem resultados expressivamente melhores. Com a plataforma Climate FieldView™ se observou a obtenção de uma média de 121 sacas por hectare2, 23% acima da média nacional prevista. A adoção de tecnologia combinada a boas práticas agrícolas são dois dos fatores que podem impulsionar os resultados na lavoura.

Mas afinal, o que pode estar limitando a produtividade do milho safrinha? 

Condições climáticas adversas, como geadas no sul e irregularidade de chuvas no cerrado, são fatores bem conhecidos. 

No cerrado, um corte abrupto das chuvas em abril pode comprometer a produtividade. Mas nos anos em que as chuvas se estendem até meados de maio, as condições climáticas na safrinha podem ser até mesmo mais favoráveis ao milho do que na safra de verão. Primeiro, porque normalmente existe uma umidade no solo maior no momento do plantio. Segundo, porque as noites são mais frescas, e a amplitude térmica maior favorece o equilíbrio e crescimento da planta de milho.

Porém, como não há uma maneira de prever com acuracidade essas condições, é necessário gerenciar o risco visando a rentabilidade no final da safra. E, muitas vezes, o produtor acaba optando por diminuir o investimento na lavoura, seja em fertilizantes, sementes, biotecnologias ou aplicações – o que, no fim, limita ainda mais o potencial produtivo que se poderia alcançar.

Gerenciar riscos sem deixar de buscar melhores resultados  

Há muitos fatores que impactam na produtividade e ferramentas de agricultura digital podem auxiliar na identificação dos mesmos. Aqui listamos algumas das iniciativas que podem ajudar na tomada de decisão para buscar melhores resultados na safrinha:

  • Conhecer mais sobre a variabilidade dentro das áreasO uso da agricultura digital permite medir não só as diferenças de produtividade médias entre talhões, mas também visualizar como essa produtividade variou dentro deles. O mapeamento de colheita feito através do FieldView™ apontou, na média, uma variabilidade dentro de um mesmo talhão de cerca de 30% nas últimas safras.

Plataforma FieldView: Mapa de monitoramento (imagem de satélite) x mapa de produtividade.

Plataforma FieldView: mapa de monitoramento (satélite) x produtividade *

  • Identificar o que está causando manchas de produtividade. Pode ser que tenha acontecido algo dentro da safra, como uma falha operacional ou uma pressão maior de pragas em uma área específica. Ou pode ser que seja algo persistente, relacionado ao perfil ou nutrientes do solo, por exemplo. Mapas históricos de índice de desenvolvimento vegetativo gerados a partir de imagens de satélite são uma boa opção para auxiliar nesse diagnóstico. Essa análise de zonas de produtividade pode ajudar a direcionar o investimento de dois fatores que impactam fortemente a produtividade e rentabilidade: a adubação e o posicionamento de híbridos, tanto na escolha do material genético quanto nas populações mais adequadas.
  • Olhar para o sistema todo, e não só para uma safra isolada. No caso de um sistema soja verão e milho safrinha, escolher variedades de soja de ciclo mais curtos permite que a colheita do verão seja feita com mais antecedência, ampliando a janela de plantio do milho.
  • Garantir a qualidade do plantio. Para aproveitar a janela ideal, o plantio às vezes é feito a velocidades elevadas, o que pode impactar a plantabilidade. Comparando mapas de população e de velocidade, é possível avaliar se a velocidade utilizada prejudica ou não a distribuição de sementes e, assim, escolher a velocidade ideal.
  • Acompanhar as aplicações de defensivos. Pragas e doenças são ocorrências prováveis durante o ciclo da cultura e a utilização de defensivos químicos para controlá-las é imprescindível. Contudo, algumas situações podem prejudicar a eficiência da aplicação: chuvas inesperadas que acabam "lavando" os produtos utilizados, entupimento de pontas do pulverizador, variação na velocidade de aplicação e até mesmo falhas que passam despercebidas. Ter uma ferramenta de acompanhamento da operação em tempo real permite que esses problemas sejam diagnosticados e resolvidos para proteger a produtividade.

  • Minimizar perdas na operação de colheita. No cerrado, o milho geralmente é colhido mais seco devido a baixa umidade do ar, o que permite que as colhedoras trabalhem a velocidades maiores. Isso pode ocasionar um aumento na perda de grãos e de espigas: quando o milho está muito seco, o impacto da colhedora pode derrubar a espiga ou começar o processo de debulha antes que ela esteja dentro da máquina. Num sistema de duas safras isso é ainda mais crítico, já que esses grãos certamente se tornarão plantas invasoras ao germinar no início da safra de verão – com a germinação podendo acontecer em diferentes momentos para grãos ainda na espiga.

Portanto, apesar de haver fatores que não são possíveis de se controlar, é possível tentar maximizar a produtividade dentro de cada área direcionando os investimentos e gerenciando melhor as operações. E ter os dados na palma da mão através de ferramentas de agricultura digital pode ajudar a mapear essas oportunidades. 


Referências: 

[1] Conab, Boletim de da safra de grãos de agosto de 2019

[2] Dados agregados da plataforma Climate FieldView™. 

*incluído neste post mediante autorização do titular.

O FieldView não oferece nenhuma garantia de resultados e não deve ser usado como um substituto de boas práticas agrícolas ou como meio exclusivo para a tomada de decisões. É recomendado consultar seu agrônomo, corretor de commodities e outros prestadores de serviços antes da tomada de decisões financeiras, de administração de risco e de práticas agrícolas. As declarações aqui contidas não são garantias de desempenho ou acontecimentos futuros. Elas envolvem riscos e incertezas que podem fazer com que o desempenho real e os resultados financeiros em períodos futuros sejam diferentes de quaisquer projeções expressas ou implícitas aqui. As circunstâncias ou estimativas aqui contidas podem sofrer mudanças sem que haja atualização deste post.

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